O empreendedorismo no Brasil chegou ao número de 10,1 milhões de mulheres à frente de um negócio, segundo estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). A representação, no entanto, ainda é tímida, já que apenas um terço, 34% das empresas, são comandadas por elas. Confira algumas histórias de mulheres que se encontraram no franchising:
Há dois anos no comando da unidade da Odontocompany na cidade Biguaçu (SC), Cláudia Vianna, 52, precisou enfrentar a saudade da família, a insegurança e até uma depressão. Demitida no início da pandemia após 10 anos atuando como dentista em uma empresa, Cláudia passou a atender apenas no próprio consultório no Rio de Janeiro, mas tempos depois vendeu para realizar um sonho: mudar para uma cidade que oferecesse mais segurança. O marido foi convidado para trabalhar em Santa Catarina e a empreendedora passou a estudar as possibilidades e, com a ajuda da filha e do marido, a opção escolhida foi abrir uma unidade da franquia. Com o marido já morando na Grande Florianópolis, ela começou a busca por um ponto para abrir a clínica e a cidade escolhida foi Biguaçu. Cláudia se mudou para o município em fevereiro de 2021 e a operação foi inaugurada em abril. “Eram dias tensos, eu sozinha, o telefone não parava de tocar. No meu primeiro ano aqui peguei muitos dias de frio, bateu arrependimento, saudade da família, entrei em depressão, mas depois de um tempo, com o apoio do meu marido, as coisas foram se acertando e hoje já penso em abrir uma segunda unidade”, relata. A empreendedora finaliza dando um conselho a outras mulheres que querem empreender. “Não é fácil, mas arregaça a manga e vai para luta”. | |
Foi durante a licença maternidade, em 2021, que Marília Berwanger Futuro Nör, 39, conheceu e se encantou pelo modelo de negócio do market4u, franquia de mercados autônomos que opera por meio do conceito honest market em condomínios residenciais e comerciais. Administradora formada, Marília já tinha vontade de empreender e buscava um negócio que, além de inovador, escalável e aliado à tecnologia para facilitar a vida das pessoas, também proporcionasse para ela flexibilidade de horários e qualidade de vida. “Encontrei no market4u um negócio que, apesar de muito novo, tinha um potencial enorme e uma visão alinhada com os meus objetivos”, comenta. Em novembro do mesmo ano, Marília, em sociedade com o marido, Arthur Vinicius Nör, 39, adquiriu pontos de venda já em operação e, de lá para cá, não parou mais. Atualmente, com as franquias que possui da rede, Marília fatura, em média, R$ 150 mil mensais. “Temos 17 unidades em operação em Porto Alegre (RS) e mais duas em processo de assinatura de contrato. Em dezembro passado me desliguei da empresa em que atuava para focar totalmente no market4u e fazer o valor de faturamento crescer bastante”, finaliza. | |
A influência feminina foi determinante na vida de Cíntia Ferreira, 39. Há quatro anos no comando da unidade da Sestini, marca referência em malas, mochilas, bolsas e acessórios, escolheu o empreendedorismo tendo como inspiração sua mãe, que a ensinou sobre compromisso, comunicação e paixão ao atender os clientes. Mas se a mãe a impulsionou ao negócio próprio, foi a sogra quem ajudou a manter o otimismo mesmo nos momentos mais difíceis. Durante o período de pandemia, como maneira de incentivar a nora, comprou mensalmente produtos da loja e jamais aceitou descontos. “O apoio da minha sogra foi fundamental para seguir em frente e colocar em prática os sonhos”, explica a empreendedora. Com o apoio da franqueadora, que entendeu o contexto pandêmico, Cintia enxergou oportunidades e conseguiu crescer. Com o sucesso da primeira franquia, a empreendedora abriu em 2022 outras redes. Para mulheres que, assim como ela, desejam empreender, Cintia deixa um conselho. “Estude a operação, saiba qual é seu público-alvo, se entregue e dedique, não tenha medo do novo”, conclui Cintia. | |
Michelle Muniz Nascimento, 36, levou para Quissamã, região norte do estado do Rio de Janeiro, a franquia da CredFácil, grupo que atua no ramo de empréstimos e financiamentos em operação por todo o Brasil. De acordo com a franqueada, a principal motivação para empreender e abrir mão da estabilidade do registro em carteira foi a vontade de ter o próprio negócio. “Em parceria com meu esposo, pesquisamos e conhecemos a proposta da CredFácil. Constatamos que se tratava de uma empresa séria e decidimos investir nela”, afirma Michelle. A franquia, que foi aberta em maio de 2022, faturou em oito meses R$ 81 mil. “Empreender, sem dúvida, é sinal de força e garra, pois me ajudou a entender que sou capaz de tudo e que não posso duvidar de mim. Hoje estou mais segura e entendo que sou capaz de enfrentar qualquer situação”, conta. Como conselho às outras mulheres que desejam empreender, ela diz: “não se subestimem, ainda mais no ramo financeiro, que tem predominância masculina, pois somos capazes de tudo e somos fortes. No início vocês podem até duvidar de si mesmas, mas não desanimem, esclareçam suas dúvidas e lembrem-se: desistir não pode ser opção”. | |
Com mais de 10 anos trabalhando ao lado do pai no negócio da família, na área de eletroeletrônicos em Juiz de Fora (MG), Pollyana Rangel, 37, percebeu que era a hora de mudar e começar a caminhar em busca da sua autonomia no mundo do empreendedorismo. Em 2019, a comerciante conheceu a Mais1.Café, maior rede de cafeterias ‘to go’ do Brasil, e quis levar o modelo para a cidade. “Sempre desejei ter meu próprio negócio, tomar as minhas decisões e crescer a partir daquilo que construí”, conta. Gerenciando há três anos sua primeira unidade em Juiz de Fora, ela precisou conciliar a jornada de mãe, esposa, filha e empreendedora. “Uma das maiores ‘dificuldades’ que encontrei para achar o equilíbrio foi o preconceito das pessoas em acreditar que uma mulher pode gerenciar seu próprio negócio, cuidar de si e da família. Mas eu sempre digo que as mulheres precisam acreditar nos seus sonhos e, se querem abrir um negócio, encarem e vão em busca”, finaliza. Comemorando os bons frutos do negócio, a empreendedora já se prepara para abrir a segunda unidade na cidade.
|
|
Ao final da licença maternidade, que coincidiu com o início da pandemia, Patrícia Travella, 33, precisou tomar uma decisão: deixar a filha de cinco meses na creche para voltar a atuar como analista de logística em uma importadora e distribuidora de cosméticos ou parar de trabalhar e se dedicar à progênita. Com uma rede de apoio pequena, respaldo do marido e o medo acerca do vírus, Patrícia decidiu ficar em casa e aproveitou o período para estudar e procurar novas oportunidades de trabalho. “Eu estava em busca de alternativas que me proporcionassem a boa conciliação da jornada profissional com a rotina da maternidade e, em pouco tempo, percebi que a melhor escolha era empreender”, conta. Durante a busca por um negócio, conheceu o Seu Churros, uma das maiores redes de churros do país, e soube que tinha encontrado o que procurava. “Avaliei muitas opções em diferentes segmentos, mas a maioria estava completamente fora do meu poder aquisitivo. Eu queria algo em que eu pudesse trabalhar de verdade e que estivesse dentro da minha realidade”, comenta. Hoje, com uma loja do Seu Churros em Santo André, Patrícia oferece receitas artesanais de churros produzidas por meio de ingredientes premium e massa frita na hora. | |
Para Camilla Oliveira, 40, que seguia carreira no departamento de Recursos Humanos em uma empresa de construção civil, o desafio era conciliar a rotina de morar em duas cidades, no interior do Rio de Janeiro e Minas Gerais, já que ela e o marido viajavam para onde as obras aconteciam conforme necessidade do trabalho, e o desejo de ser mãe. A primeira filha nasceu em Minas Gerais, e, durante quase sete anos, o casal seguiu nesse ritmo. Foi então que decidiram voltar para São José dos Campos (SP), onde moravam inicialmente, e ter o segundo filho. “Meu marido voltou para a área de construção civil, desta vez em algo mais próximo de casa, e tivemos o segundo filho. Comigo em casa, decidimos investir em um negócio próprio. Em 2020 apostamos numa franquia do segmento infantil, mesmo em meio à pandemia. O negócio até que deu certo, mas uma amiga nos apresentou a Le Petit Macarons e gostamos muito. Decidimos investir nesse segmento também”, revela. Segundo Camila, a boutique brasileira especializada no doce francês macaron começou a demandar tanto que ela decidiu, junto ao marido, adaptar a outra franquia para o formato online e se dedicarem a Le Petit Macarons, empresa que já têm juntos há um ano. | |
Depois de anos atuando como gerente de Marketing e Comunicação em uma empresa privada, Fabiana Emy Marui, 43, viu no franchising a oportunidade de gerir seu tempo e alcançar suas metas pessoais e profissionais. A publicitária e designer decidiu largar o mundo corporativo para investir em um negócio que estivesse alinhado com seus valores e propósitos, mas que também englobasse seus conhecimentos de formação e de experiência profissional. Foi então que encontrou a Maria Brasileira, maior rede de limpeza residencial e empresarial do país. “Comecei a pesquisar por negócios que não fosse necessário um grande investimento financeiro e com retorno rápido. Foi em meio a muitas pesquisas que caí num site de franquias e me aprofundei nesse tema e conheci a rede”, afirma. Responsável pela gestão da unidade de Mogi das Cruzes (SP) desde outubro de 2022, Fabiana conta com o apoio do irmão, seu sócio-investidor, e acredita que os desafios só fortalecem a caminhada. “Cada degrau deve ser construído devagar e com uma base segura, assim o crescimento e o sucesso serão consequências. Para as mulheres, que assim como eu desejam empreender, digo que acreditem em seus sonhos e no seu potencial. Muitas vezes as coisas não são fáceis ou simples, mas desistir não deve ser uma opção, pois ver o seu sonho concretizado e crescendo vale cada esforço. Para mim isso se chama satisfação”, completa a franqueada. | |
A carreira como gerente comercial na CleanNew, uma das maiores franquias de higienização e conservação de estofados do Brasil, e a relação próxima com a empresa fizeram com que a administradora Julia Fernandes, 36, empreendesse. “Sempre sonhei em ter o meu próprio negócio. Gostava da ideia de poder tomar as decisões estratégicas, pensar e planejar as melhores ações para o negócio prosperar. A autonomia e liberdade sempre me atraíram também. Como já trabalhava na rede não foi difícil decidir, pois sabia que era um bom negócio”, afirma. Para mulheres que, assim como ela, desejam empreender, Júlia deixa um conselho. “Se esse é o sonho, corra atrás, seja independente e sinta-se orgulhosa das suas conquistas. Muitos tropeços virão ao longo do caminho, mas faz parte. O importante é aprender com eles, evoluir e voar sonhos ainda mais altos”, completa. Desde junho de 2018 à frente da unidade de São Paulo, hoje ela conta com uma equipe de 14 colaboradores e planeja abrir novas unidades em breve. | |
Tem gente que prefere não arriscar e ficar na carreira estável, o que não foi o caso de Lizana Fistarol, 36, que saiu totalmente da zona de conforto. Ela atuava há 10 anos como arquiteta em um escritório no Paraná e, em 2021, se mudou para o Tocantins junto com o marido e dois filhos. No mesmo ano, em sociedade com o esposo, inaugurou uma unidade da Anjos Colchões & Sofás na região. Para escolher o segmento de atuação foi fácil. “Meu pai sempre trabalhou com loja de móveis e a muitos anos atrás chegou a ter uma estofaria, então sempre estive envolvida nesta área, ainda mais quando fiz a formação em arquitetura”, explica. Em 2022, abriu a segunda unidade e está se preparando para inaugurar a terceira, ainda no primeiro semestre deste ano. “Para mulheres que querem empreender, eu só aconselho não desistir. Vai ser difícil em vários momentos, mas com garra e determinação, tudo se ajeita”.
|
|
Juntas há três anos e casadas há dois, as empreendedoras Amanda Pera, 36, e a sócia Adriana Silva, 39, quebraram paradigmas ao levarem para Itanhaém, litoral sul de São Paulo, o modelo de negócios da Santa Carga, franquias de segmento de publicidade digital com a disponibilização de totens de carregadores de celular e wifi-marketing. Atuantes na comunidade LBTQIAP+, a sócia Amanda aborda a importância das pessoas terem referências e se prepararem para empreender. “Para ter sucesso é preciso persistir nos sonhos e estudar. Hoje em dia temos aulas na internet sobre todo e qualquer tipo de assunto e, principalmente, procurar pessoas que possam ser boas referências, como mentores. Acredito muito na mentoria, inclusive, estou sempre aberta a compartilhar meu conhecimento. Ficamos felizes em poder incentivar outras mulheres, homens, jovens e também casais LGBTQIAP+ a empreender”, conta. Atualmente as empresárias, que antes atuavam na área de representação comercial, nos setores de Saúde e Moda, respectivamente, contam com cinco operações da marca e já fazem planos para chegarem a 20 totens distribuídos pela Baixada Santista. |