Pedido de importação foi negado por falta de documentos que comprovem a segurança e qualidade do imunizante. Estado tinha assinado intenção de compra para um milhão de doses.
Com o pedido de importação da vacina russa Sputnik V negado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o governo do Tocantins informou nesta terça-feira (27) que irá se reunir com os integrantes do consórcio de governadores para traçar um novo planejamento de aquisição de imunizantes contra Covid-19. No começo de abril o estado tinha formalizado a intenção de comprar um milhão de doses da vacina ao custo total de R$ 70 milhões.
Na semana passada, após uma nova reunião do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central (BrC), o governo afirmou que havia negociação para uma compra conjunta de 28 milhões de doses da vacina Sputnik V pelos estados membros, sendo que 4 milhões deste total seriam destinados ao Tocantins.
O BrC informou ao G1 que vai aguardar um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) para reavaliar a compra de 28 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 Sputnik V. De acordo com a entidade, “a aquisição só seria realizada mediante aprovação da Anvisa”.
O imunizante que o consórcio pretendia comprar é produzido a nível internacional pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. No país, a produção é feita pela farmacêutica União Química.
O pedido de autorização excepcional para a importação da vacina foi negado na noite desta segunda-feira (26) após uma reunião da Anvisa. A agência apontou que não recebeu relatórios técnicos que comprovem padrões de qualidade e até mesmo o risco do imunizante levar a outras doenças.
A decisão unânime foi tomada após 14 estados pedirem autorização para importação emergencial de doses. Três gerências técnicas da Anvisa (medicamentos, fiscalização e monitoramento) deram pareceres contra a importação.
Resumo da decisão da Anvisa:
- Anvisa apontou que NÃO recebeu relatório técnico capaz de comprovar que a vacina atende a padrões de qualidade e NÃO conseguiu localizar o relatório com autoridades de países onde a vacina é aplicada;
- Anvisa diz que a maioria dos países que autorizaram a aplicação da vacina não têm tradição na análise de medicamentos; além disso, em 23 países com contrato, a vacinação não começou;
- Gerência de Medicamentos apontou diversas falhas de segurança associadas ao desenvolvimento do imunizante. Na mais grave, explicou que o adenovírus usado para carregar o material genético do coronavírus não deveria se replicar, mas ele é capaz de se reproduzir e pode causar doenças;
- Gerência de Inspeção e Fiscalização relatou que técnicos da Anvisa não puderam visitar todos os locais de fabricação da vacina durante inspeção na Rússia; dos sete pontos previstos, técnicos conseguiram visitar apenas três locais;
- Fundo Russo tentou cancelar inspeção presencial e não autorizou acesso ao Instituto Gamaleya, que faz o controle de qualidade;
- Anvisa não conseguiu identificar os fabricantes da matéria prima da vacina.