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Autor de impeachment contra Carlesse pede que governador afastado seja notificado por edital: ‘Clara tentativa de ocultação’

Especialista explica que intimações por hora certa ou por edital só podem ser feitas após esgotadas todas as outras possibilidades. Carlesse vem sendo procurado pelo parlamento há uma semana.

O advogado Evandro de Araújo, autor do pedido de impeachment que tramita na Assembleia Legislativa, fez um requerimento nesta quarta-feira (15) pedindo que Mauro Carlesse (PSL) seja notificado por meio de edital ou mediante citação por hora certa. Os dois procedimentos são previstos em lei quando os investigados não forem encontrados pessoalmente. O governador afastado vem sendo procurado pelo parlamento há uma semana.

g1 solicitou um posicionamento da defesa de Mauro Carlesse, mas o advogado informou apenas que o governador afastado aguarda exames e não tem data para voltar ao Tocantins.

Nos últimos dias Carlesse foi internado em um hospital após sentir dores no peito. O advogado enviou um documento à AL informando que ele esteve em São Paulo (SP) e só vai voltar ao estado quando tiver liberação médica. Apesar disso, nem a assessoria ou a defesa revelam a localização.Segundo a assessoria da Assembleia, o documento pedindo a notificação por edital foi protocolado durante a manhã e encaminhado à presidência. O texto deve ser enviado à comissão especial ainda nesta quarta-feira.

O pedido afirma que o governador afastado não está sendo encontrado em seus endereços e poderia se considerar que está em “local ignorado ou incerto”. O requerimento também diz que há uma “clara tentativa de ocultação” e por isso a notificação deveria ser feita por edital.

As citações por hora certa e edital são previstas nos códigos de Processo Civil (CPC) e penal (CPP):

Art. 252 (CPC) – Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar.

Art. 256 (CPC) – A citação por edital será feita:

  • I – quando desconhecido ou incerto o citando;
  • II – quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando;

    Nesta terça-feira (14) a comissão especial do impeachment se reuniu e designou um servidor para continuar tentando notificar o governador afastado. O presidente, Elenil da Penha (MDB), disse ainda que a AL vai fazer duas tentativas de localizar Carlesse e se não tiver sucesso poderá acionar a Polícia Federal para ajudar na localização.

    O que dizem os especialistas

     

    O especialista em direito administrativo, Jorgam Soares, explica que segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) a prerrogativa de intimação pessoal não pode ser utilizada como subterfúgio para se evitar a continuidade dos trabalhos da comissão de impeachment.

    “Portanto, não existe qualquer óbice para que o governador do Tocantins seja citado por edital. Para o STF, a notificação por edital não prejudica o exercício do direito de defesa, pois resulta em medida justificada, ante as diversas tentativas frustradas em notificar pessoalmente o chefe do poder executivo”, afirmou.

    Jorgam Soares explica que sequer existe necessidade de contar com o auxílio da Polícia Federal para viabilizar a notificação do governador do afastado judicialmente do cargo, pelo STJ. “É só aplicar subsidiariamente o art. 361 do CPP, conforme prevê o art. 79 da Lei Federal n. 1.079/50, notificando-o por edital e constituindo advogado dativo, acaso ele não constitua algum advogado”, analisou.

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