As condições adversas ao desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem causadas pela pandemia da Covid-19 obrigaram os profissionais de educação a se reinventarem, a buscar alternativas para despertar o interesse dos alunos pelo ensino remoto. Dentre os muitos casos dignos de reconhecimento entre o corpo docente da rede municipal, destaca-se uma ação da professora Leuraci Alves Cruz dos Santos utilizando a música e que apresentou excelentes resultados justamente para o público da Educação Infantil, em que o desafio é ainda maior.
Movida pelo amor ao ofício e inconformada com o baixo retorno dos pais às propostas pedagógicas apresentadas por meio da ferramenta Palmas Home School às crianças do Cmei Sonho de Criança, a professora Leuraci teve uma ideia inspiradora ao ver um pandeiro em sua casa, e idealizou a ação que foi denominada ‘Chamadinha Musical’, logo no início do ensino remoto.
Leuraci explica que, já na quarta rodada de propostas do Palmas Home School, o retorno de pais e responsáveis era muito pequeno. Foi quando ela pegou um pandeiro e uma pandeirola e gravou áudios chamando os nomes das crianças no grupo de WhatsApp usando os instrumentos. Depois passou a chamar as crianças, cantando nos números privados. O objetivo era alcançar todas as crianças do segundo período.
O retorno foi tão grande que ela teve que trocar de celular, tamanha a quantidade de evidências em forma de vídeos, áudios e fotos das crianças e suas atividades realizadas. “Eu nem sabia tocar pandeiro, comecei batendo intuitivamente e cantando. Inventava, mudava a letra de canções conhecidas. Isto chamava a atenção das crianças, e os pais passaram a enviar os vídeos para o grupo”, conta a professora. “Eu respondia com mais músicas de incentivo, chamava também o nome dos responsáveis, pois tinha a lista dos familiares em mãos. Quando voltei para o ensino híbrido, as crianças já me conheciam. Houve turmas com 100% de participação”, revela.
Ela relata casos interessantes, como o de uma mãe cujo celular estragou e ela pediu o da vizinha emprestado para gravar e enviar a evidência, e de outra que mesmo não tendo internet passou a apresentar as propostas no caderno, quando soube que as demais crianças da turma estavam participando em sua quase totalidade. Ou ainda da boa receptividade que o sistema de premiação com estrelas obteve junto a pais e estudantes, que se esforçavam para cumprir todas as propostas e receber a estrela quinzenal, sempre acompanhada de músicas de motivação. O sucesso foi tanto que demandou o apoio de uma parceira, a professora Francisca Pereira.
Reconhecimento
Evelyn Karoline Siqueira e Silva Castro é mãe de João Herbert Castro Martins, que está no segundo período no Cmei Sonho de Criança. Ela lembra que o início do ensino remoto foi muito difícil e trabalhoso. Mas, aos poucos, seu filho foi se interessando, estimulado pelas chamadas musicais, tanto em grupo como no número privado, e depois com as estrelinhas que ia recebendo a cada proposta cumprida. “A ideia de colocar as músicas e as estrelinhas para as propostas foi muito boa, o interesse dele aumentou muito. A hora do estudo era o momento dele, de ganhar a estrela. As professoras estão de parabéns, mesmo em casa ele aproveitou muito, graças ao empenho delas”, reconhece.
A diretora do Cmei, Telma Andrade Oliveira Alves, ressalta que a capacidade da música de envolver e criar laços e o trabalho com a identidade da criança a partir de seu nome contribuíram para fortalecer o vínculo com as famílias, que passaram a se manifestar. “Isso nos trouxe uma esperança enquanto equipe, pois sentimos que não estávamos sozinhos, as famílias estavam ali conosco, caprichando nas propostas, no retorno. É aconchegante”, afirma.
Outro aspecto perceptível e destacado pela diretora da unidade foi quanto ao empenho dos profissionais em buscar mudanças, em ressignificar sua prática. “Observamos professores rompendo barreiras, se desafiando a cantar, usando a tecnologia para mostrar à criança que ela ainda é parte do Cmei e importante para nós.”
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