Fé, perseverança, apoio com palavras, abraços, tecidos, tinta e pincéis, assim vai se tornando mais leve a rotina das pacientes e acompanhantes, hóspedes na Casa de Apoio, gerida pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), com as ações voluntárias realizadas e que vêm aumentando a cada dia. Na última semana, foi realizada mais um curso de artesanato, por meio do Projeto Bem Viver, para confecção de placas decorativas para portas e bonecas de pano.
De acordo com a diretora da instituição, Elisângela Sardinha, nessa rotina diária de tratamento, dor, pensamentos distantes e saudades de casa, o trabalho dos voluntários da Casa de Apoio tem sido constante e acolhedor, trazendo benefícios a quem recebe e a quem doa. “São trocas de afeto e conhecimento onde todos ganham, o voluntário doa energia e criatividade e ganha a convivência com pessoas diferentes, oportunidade de aprender coisas novas e satisfação de se sentir útil”, opinou a gerente.
Foi em busca da inexplicável sensação de se sentir parte da sociedade, que a artesã Chislenny Pereira Mota, 43, anos, vinda de São Paulo a Palmas, iniciou o projeto Bem Viver na Casa de Apoio. Ela trabalha com artesanato há mais de dez anos e contou sobre momentos difíceis de enfrentamento ao câncer e de como o artesanato a ajudou a vencer dias ruins e a doença. “Primeiro o tratamento de câncer da minha mãe e logo depois tratar a doença em mim mesma. Queria fugir da dor, do sofrimento, não queria passar por aquilo, precisava continuar a vida, queria ficar feliz, precisava sair da depressão e o artesanato me ajudou muito”, disse.
A artesã contou, ainda, que passar por essa experiência não a fez desistir mas pensar no outro, em pessoas que estão passando por tratamento de câncer, por isso, numa visita à Casa de Apoio, ofereceu o curso de artesanato. “O ato de colocar as mãos na massa e criar algo me ajudou muito no tratamento da depressão, me fez sentir liberdade, crer que é possível, saber que posso vencer. Estou doando o curso para apoiar essas pessoas. Penso que o mais gratificante dessa experiência é sentir que estão agradecidas, ver o sorriso, saber que de alguma forma ajudei”, disse.
A funcionária da Casa de Apoio, Celene Sousa de Castro, 50 anos, também faz artesanato há muito tempo e está participando do curso. “Estou aprendendo a fazer as bonequinhas de pano e em troca quero ensinar o bordado à mão que aprendi ”, informou. “A partir do momento que a pessoa percebe que é capaz de criar algo útil e bonito apenas com as suas mãos, começa a perceber que vale a pena sair de casa e ajudar outras pessoas”, afirmou.
Descontração
Saber que um momento de descontração pode alegrar a rotina de um dia, melhorar o humor, diminuir o peso dos problemas cotidianos, foi muito importante para a hóspede Ana Rebia, 25 anos, que contou como se sente durante as aulas. “Sinto tranquilidade, o dia passa rápido e tudo fica mais leve”, disse. A paciente mora em Paraíso do Tocantins e está na Casa de Apoio há cerca de um mês para tratar do câncer no colo do útero.
Concentração
O trabalho artesanal exige concentração e dedicação para criar um bom resultado, podendo ser uma ótima atividade para praticar e desenvolver habilidades. Para Maria Lucinete, 61 anos, de Porto Alegre do Mato Grosso do Sul, que acompanha seu pai no tratamento de câncer de próstata, o curso de artesanato também mantém sua cabeça ocupada. “A gente que está longe de casa sente saudade, pensa em todos que estão distante, como estão passando e o pensamento fica rodando por aí. Ao contrário disso, o artesanato distrai desses pensamentos, ocupa o tempo ocioso e o pensamento fica concentrado aqui” explicou.
Voluntariado
A Casa de Apoio sempre recebe doações e ações voluntárias de amparo emocional e espiritual para seus hóspedes. Algumas das necessidades constantes dos usuários são roupas, calçados fechados (exigência dos hospitais), itens de higiene pessoal, e alimentação complementar. Os interessados em conhecer a Casa e se tornarem parceiros podem entrar em contato pelo telefone (63) 3218-2465. Endereço: 203 sul, AV LO-05, APM-01
Casa de Apoio
As pessoas do interior do Tocantins e até mesmo de outros estados, que utilizam os hospitais públicos de Palmas contam com uma atenção especial do governo do Estado no momento em que mais precisam. Para proporcionar segurança, conforto e a proximidade dos familiares com os pacientes internados, ou mesmo aqueles que receberam alta médica e ainda não voltaram para a sua cidade de origem, o governo oferece acomodação na Casa de Apoio.
Além da hospedagem, a instituição, fornece, gratuitamente, alimentação para pacientes e acompanhantes dos pacientes, promove serviços de apoio aos internos como orientação psicológica, pedagógica, assistência social e um cronograma diversificado de atividades, como realização de palestras, atividades religiosas, contação de histórias e até minicursos de crochê e bombons artesanais, um meio de oportunizar qualificação dos internos durante o tempo de hospedagem.
A estrutura física da Casa é composta de mais de 100 leitos equipados com beliches, ar condicionado, cozinha, brinquedoteca, sala interdisciplinar, parquinho, área de convivência social e capela. A Casa fica a apenas 200 metros do Hospital Geral de Palmas (HGP), o que facilita o acesso. Os hóspedes são selecionados e encaminhados pelas assistentes sociais dos hospitais públicos de Palmas.
Fotos: Leandro Pinheiro/Governo do Tocantins
Legenda foto 1: Pacientes e acompanhantes aprenderam a fazer placas decorativas para portas
Legenda foto2: Artesã Chislenny Pereira Mota ensina o passo a passo das bonecas de pano
Legenda foto3: Os detalhes da carinha são feitos com caneta, tinta e boleador
Legenda foto4: Voluntária apresenta a bonequinha finalizada