Em busca de conscientizar sobre a prevenção e diagnóstico do glaucoma, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) adere à Campanha Mio Verde e alerta a população para a doença que é a segunda causa de cegueira no Brasil, atrás apenas da catarata. Silenciosa, causada principalmente pela elevação da pressão intraocular que provoca lesões no nervo ótico e, comprometendo a visão, o glaucoma atualmente acomete mais de 64 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Associação Internacional da Cegueira.
O glaucoma pode ocorrer em qualquer idade, mas é seis vezes mais comum em pessoas acima dos 60 anos. Segundo a Sociedade Brasileira do Glaucoma (SBG), o glaucoma afeta cerca de 2,5 milhões de pessoas com mais de 40 anos no Brasil, sendo apontado como principal causador de cegueira irreversível no país.
“O glaucoma é uma neuropatia que acomete o nervo óptico, ele é assintomático e progressivo, cujo dano pode ser irreversível, ou seja, se o glaucoma afetar o campo visual, o que ele pegou da visão, não volta. Mesmo com o atual nível de avanço no tratamento, a gente ainda não consegue reproduzir uma célula, uma fibra nervosa óptica”, explicou o médico oftalmologista, Eduardo Akio.
Fatores de Risco
Segundo o especialista, existem fatores de risco, que torna necessário a realização de um exame oftalmológico periódico. “Pessoas com histórico familiar de glaucoma, parentes de primeiro grau tem uma propensão maior em desenvolver a doença. Pacientes que usam medicamentos corticoides estão mais sujeitos a um tipo da enfermidade que é chamado de glaucoma corticogênico, desenvolvido pelo uso do medicamento corticoide”.
Outro fator de risco citado pelo oftalmologista, é o diabetes. “Ele pode gerar um tipo da doença chamado de Glaucoma Neovascular, que também está associado a outras doenças da vascularização oftalmológica, eles podem gerar esse glaucoma, que é de difícil controle, um glaucoma muito chave. Então, o diabetes descompensado é um fator de risco”, pontuou.
Tipos de glaucoma
Existem diferentes tipos de glaucoma, eles são separados, normalmente, de acordo com os sintomas do paciente, a progressão da doença e a idade em que seu surgimento é mais comum e que podem apresentar sinais e sintomas distintos. Os principais são:
– glaucoma primário de ângulo aberto que é uma condição crônica, sendo considerado o tipo mais comum da doença, e pode não apresentar sintomas iniciais enquanto progride e se agrava silenciosamente. Por isso é tão importante manter as visitas anuais ao oftalmologista;
– glaucoma agudo é um tipo súbito (ou agudo) que requer cuidados médicos de emergência; glaucoma congênito é resultado de uma má-formação, desde antes do nascimento, geralmente diagnosticada no primeiro ano de vida do bebê; glaucoma secundário ocorre por conta de outra causa interna ou externa do próprio olho, por exemplo, pelo uso prolongado e/ou excessivo de determinados medicamentos, como corticosteroides.
Prevenção
Segundo Eduardo Akio “a prevenção do glaucoma deve ser feita através da realização do exame oftalmológico completo periódico. E a partir daí, entender a razão daquele paciente ter baixa visão, ter algum sintoma, neste caso, realizar o exame refracional e o exame de biomicroscopia, que é a análise das estruturas da anatomia do olho”.
“Além destes exames, também é realizado a Tonometria, que é a aferição da pressão intraocular e a Fundoscopia, que é a avaliação do fundo do olho para avaliar o nervo óptico do paciente, que é o alvo do Glaucoma, se o nervo óptico for danificado, o campo visual é prejudicado”, acrescentou o médico.
Tratamento
O Brasil conta com 440 estabelecimentos de saúde habilitados na assistência ao glaucoma pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para acompanhamento, avaliação e tratamento, oferecendo 18 procedimentos. O acompanhamento começa cedo, a partir do nascimento, com Teste do Olhinho, um exame simples, rápido e indolor que é realizado nas maternidades nos primeiros dias de vida e é capaz de detectar alterações no eixo visual.
O teste avalia o reflexo da luz que entra no olho do bebê, em caso de identificação de alguma alteração, o recém-nascido é encaminhado para um especialista. A identificação precoce aumenta a chance de desenvolvimento normal da visão ao longo da vida.
Alguns tipos de glaucoma estão associados a distúrbios que requerem tratamento específico. Cessada a causa, a pressão intra-ocular regride e o problema visual desaparece. Portanto, a medicação oftalmológica é usada a curto prazo enquanto se trata de outra doença que provocou o glaucoma, por exemplo, diabetes.
Dados
Para os casos mais graves de glaucoma, em que há indicação, é possível realizar transplante de córnea pelo SUS. Em 2022, foram realizados 71 procedimentos deste tipo no Tocantins. Em 2023, entre janeiro e dezembro, foram realizados 56 transplantes no Estado.