O idoso Francisco, de 75 anos, aguarda há mais de 120 dias por cirurgia no tornozelo. Segundo direção do HGP, demora ocorre porque as seis salas cirúrgicas são insuficientes para atender demanda.
A lista de espera para cirurgias ortopédicas no maior hospital público do Tocantins, o Hospital Geral de Palmas, tem 1.469 pacientes. Deste total, 129 estão internados. De acordo com a direção da unidade, a demora ocorre porque as seis salas cirúrgicas existentes são insuficientes para atender a demanda.
O senhor Francisco Ferreira, de 75 anos, aguarda há 120 dias por uma cirurgia no tornozelo. O neto, Henrique Samorone, argumenta que a cada dia o hospital dá uma resposta diferente. “Que passaram já as metas do material que os médicos usam. Por causa disso não fizeram a cirurgia do meu vô até hoje. Dia sete agora interam quatro meses. Eu preciso que eles façam a cirurgia do meu vô logo”.
Aos 93 anos, a dona Leonilia Ribeiro também enfrenta a angústia da espera por uma cirurgia e o estado de saúde é delicado. A demora pelo procedimento contraria o que diz o Estatuto do Idoso, o qual prevê que idosos acima de 80 anos têm preferência no atendimento.
Em um vídeo, a idosa reclama da demora. “Hoje infelizmente estou aqui lutando em cima de uma cama, sem poder levantar”.
Ela precisa de uma cirurgia com urgência. “Na lista, ela era o numero 93, hoje eu fui olhar ela está na 108 posição. Ela é a paciente mais velha internada na ortopedia. Sinceramente, não sei qual o critério que eles usam para a realização de cirurgias. Ela sente muitas dores, está cada dia mais fraca, não senta, não dorme. É angustiante e um martírio ver a situação dela. Estou acompanhando ela desde o início e preciso tomar remédios antidepressivos”, disse a filha Rosiane Ribeiro, que mora em Brasília e é a única filha que pode cuidar da mãe. A idosa não tem parentes em Palmas.
O HGP é referência e atende pacientes do Tocantins e estados vizinhos. Em julho, a Defensoria Pública pediu a condenação do estado para que os problemas da unidade sejam resolvidos.
“Esse pedido foi feito a partir de relatórios de constatação do CRM, que constataram desumanidade no hospital. Falta alguns materiais, população em massa nos corredores, ou seja, um cidadão tem que ser submetido a ficar numa situação vexatória, internado num corredor do hospital”, argumenta o defensor público Arthur Pádua.
A direção do hospital disse que o problema será solucionado quando a reforma de ampliação for concluída e os hospitais do interior forem reestruturados.
“Acreditamos que com a reestruturação do interior, ampliação do centro cirúrgico, a otimização de profissionais e bem como algo que a gente já vem tentando implementar, que é o mutirão das ortopedia, a a gente consiga reduzir e desospitalizar esse paciente o mais rápido possível”, disse o diretor técnico Luciano Lopes.
A Secretaria Estadual da Saúde informou que não tem medido esforços para atender com dignidade os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), no Tocantins.
Disse que o paciente Francisco Ferreira está recebendo todos os cuidados necessários da equipe multidisciplinar do HGP, enquanto é finalizado o contrato com a empresa fornecedora de órteses, próteses e materiais especiais (OPME) para atender, nos próximos dias, a necessidade do serviço incluindo o paciente citado.
Sobre Leonilia Ribeiro da Silva, a secretaria informou que a paciente está com a cirurgia programada para este sábado (3).