Pesquisa mapeia áreas com potencial favorável ao minério primário no Tocantins
Esse estudo pode subsidiar a análise técnica do licenciamento ambiental de áreas que possuem potencial favorável ao minério primário e exploração de mineral como o ouro, no Estado
26.10.2021 – Cleide Veloso/Governo do Tocantins
Após quatro anos e meio de estudos, pesquisadores do Instituto de Geociência da Universidade de Brasília (UnB), Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e Serviço Geológico do Brasil-CPRM concluem pesquisa que revela áreas com diferentes graus de potencial favorável ao minério primário no Tocantins e que pode subsidiar a análise técnica do licenciamento ambiental de áreas para exploração de mineral, como o ouro, no Estado. Os resultados, também ilustrados em mapas, foram publicados em artigo científico na revista Journal of South American Earth Sciences, especializada em geologia e ciências.
E nesta terça-feira, 26, o doutorando Sanclever Freire Peixoto, geólogo da Gerência de Licenciamento Ambiental do Naturatins e pesquisador que compõe o grupo de estudos do intemperismo, apresentou o mapeamento do regolito em terreno granito-greenstone no centro-oeste do Brasil, gerado a partir da pesquisa que avançou o território tocantinense, para identificação de locais onde afloram horizontes com potencial de exploração mineral.
Os dados da pesquisa e informações sobre os materiais e métodos aplicados podem subsidiar a análise técnica do licenciamento ambiental, estratégias para o desenvolvimento de indústrias baseadas no uso da terra no Tocantins e evitar o impacto em áreas com baixo potencial à exploração mineral. De acordo com a pesquisa, estudos recentes propuseram várias possibilidades (algoritmos) de combinar dados de gamaespectrometria aérea para gerar mapas preditivos. Essa pesquisa fornece novos algoritmos mais eficientes, adaptados para a região de Almas-Dianópolis.
“Esse é um trabalho desenvolvido junto com um grupo de pesquisa da Unb, que estuda o regolito e o perfil de alteração do solo. O estudo foi realizado na região de Almas-Dianópolis, onde ocorre um dos maiores depósitos de ouro do Estado. A combinação de dados geofísicos, altimétricos e de 1.745 afloramentos de campo permitiu mapear os horizontes em diferentes estágios de evolução. Para quem procura ouro e trabalha com a exploração desse minério tem interesse em saber onde esses horizontes afloram na paisagem”, destaca Sanclever Peixoto, geólogo do Naturatins.
“O artigo publicado traz a primeira parte desse trabalho, mas em breve teremos o segundo artigo, já em fase de conclusão, que deve ser submetido até o próximo mês, com foco em sensoriamento remoto e geoprocessamento. A minha participação no desenvolvimento de todo esse trabalho contou com o apoio do Estado, por meio do Naturatins, que me concedeu a licença para aperfeiçoamento profissional com a dedicação exclusiva a esse estudo e que agora traz um retorno para o Tocantins. Além da expansão do conhecimento geológico regional, em uma área com extensão de 65km x 30km, a contribuição dessa pesquisa já está sendo aplicada a outras regiões do mundo”, conclui Sanclever Peixoto.
Esse primeiro artigo pontua que os mapas podem ser utilizados para cartografar regolitos em terrenos profundamente intemperizados com superfícies residuais, erosivas e de deposição, ajudando a desenvolver estratégias para melhor compreender a paisagem de regolitos, para melhorar a interpretação geomorfológica e para identificar locais alvo de exploração mineral para depósitos de minérios primários (rocha rochosa ou saprólito) ou supérgenos (hospedados em crostas lateríticas).
E ainda conforme publicado, o estudo afirma que a espectrometria de raios-gama aerotransportada e dados altimétricos integrados por técnicas de lógica matemática (lógicas Booleana e fuzzy) e regressão linear multivariada (estatística básica) ajudaram a estabelecer o índice de intensidade de intemperismo regional; que essas duas técnicas de modelagem fornecem mapas úteis, precisos, rápidos e complementares e podem ser aplicadas em grandes regiões para interpretações preliminares.
Os dados de espectrometria de raios-gama utilizados para o mapeamento preditivo foram adquiridos do Projeto Aerogeofísico Tocantins (CPRM, 2006), voado entre julho de 2005 e janeiro de 2006, que coincide com a estação seca na região, e pré-processados pela Aerogeophysica Latinoamerica (AGP-LA) sob a supervisão do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Esses dados são públicos e podem ser baixados da página da CPRM.
Os detalhes sobre as imagens dos mapas cartográficos e métodos adotados como altura média de voo, espaçamentos, capacidade de canais do espectrômetro utilizado, sistema de detecção, velocidade do voo, testes de calibração estática, entre outros, podem ser avaliados no artigo publicado na revista Journal of South American Earth Sciences, sob o título “Operadores lógicos Booleanos e fuzzy e regressão linear multivariada aplicada a dados de espectrometria de raios-gama aerotransportados para mapeamento do regolito em terreno granito-greenstone no Centro-Oeste do Brasil”, disponível na (versão inglês) através do endereço https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0895981121004089?dgcid=author ou solicitado via e-mail ([email protected]).
Pesquisadores
Além do geólogo do Naturatins, Sanclever Freire Peixoto também compõem o grupo de pesquisadores da UnB: Adriana Maria Coimbra Horbe (coordenadora do projeto), Túlio Marques Soares, Caroline Araújo Freitas e Endel Muller Dalat de Sousa e Edgar Romeo Herrera de Figueiredo Iza (CPRM).
Sugestão de Legenda/Foto/Imagem/Divulgação
O mapeamento do regolito pode subsidiar a análise técnica do licenciamento ambiental para exploração do minério no Tocantins_Divulgação
Sanclever Freire Peixoto, pesquisador e geólogo da Gerência de Licenciamento Ambiental do Naturatins_Divulgação
Caroline Araújo Freitas (E) Adriana Maria Coimbra Horbe (C) e o motorista da expedição (D)_Divulgação
Mapa de ocorrência de camadas de minérios na área pesquisa do Tocantins_Divulgação
Imagens da análise do solo sob o Fuzzy Method_Divulgação
Áreas visitadas durante a pesquisa de campo_Divulgação
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